segunda-feira, 13 de julho de 2009

Dança



Muitos não se aperceberam ainda, mas... a verdade, é que o ballet na sua evolução tomou uma dimensão artistica extremamente profunda... respira sensualidade...

Sempre me fascinou a Arte Clássica, pela sua intemporalidade, faz-nos libertar, sonhar... o génio da criatividade sempre presente...

Sabe-se que a Arte nasce como forma de expressão do ser humano, e por isso espelha fielmente o que interiormente habita o criador... este por sua vez, além da sua personalidade, é um produto do social...

No contemporâneo, sabemos, existe uma grande tendência de intelectualização, de praticalidade, de rompimento com as barreiras pelos artistas... mas eis que, tenho vislumbrado a sensibilidade com que me identifico plenamente em muitas obras que agora nascem...

No Ballet Contemporâneo, existe uma componente muito forte de ligação entre o feminino e o masculino, uma necessidade extrema de "grito", de complexidade, de fragilidade, de um trabalhar exímio do interior, no fundo, nasce uma dança intima... esqueço-me que se trata de dança, é como se vive-se no interior do ser humano...

No último espectáculo da CNB "QUATRO COREÓGRAFOS", apresentaram-se quatro bailados:

ISOLDA de Olga Roriz

À FLOR DA PELE de Rui Lopes Graça
FAUNO de Vasco Wellenkamp

STROKES THROUGH THE TAIL de Marguerite Donlon

Dos quatro, aquele que mais me tocou foi o segundo : "Á Flor da Pele" de Rui Lopes Graça.

Dois Casais, duas relações umbilicalmente ligadas... No momento, em que assisti, julguei que um dos casais, funcionasse como uma expressão interior do que era vivido pelo casal principal, tal era sintonia de sentimentos entre ambos, mesmo na sua complexidade... mas, ouvindo as palavras do autor, compreendi que se tratava de uma sequência, de como as nossas vivências e tudo o que se opera no nosso interior terá impacto nos outros... e fiquei realmente impressionada pela capacidade com que este conseguiu traduzir toda esta amálgama, que tantas vezes nos confunde quando a vivemos pessoalmente...

Estando lá, na plateia, no escuro, apenas ouvindo a música a piano e seguindo os seus movimentos, tudo se torna diferente... coloco um video, mas sei que nunca é o mesmo que presencialmente...


(atenção o som está muito baixinho)


Isolda, visualmente é extremamente artistico e cativante, mas muito menos tocante...

Apercebo-me que tem de ter um pouco de loucura para que seja genuíno, e sobressaltam-nos alguns preconceitos quase que inconscientemente, mas logo abandonados pela ânsia de vivermos algo totalmente livre...
... é essencialmente isso o que a dança me traz, essa liberdade de pensamento e sentir...

Sensualidade aqui presente, tal como em "Pedro e Inês" de Olga Roriz, um exponencial, para mim uma obra-prima...




Para que possam explorar este mundo, deixo-vos o link da CNB - Companhia Nacional de Bailado: http://www.cnb.pt

1 comentários:

Anónimo disse...

Sabes... Leio-te aqui e acompanha-me nesta leitura a tua voz, quando nos falavas da tua paixão pela dança! Momento lindo, Susana. Um beijo.

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